Por: Rafael Seabra
Como eu já havia previsto desde fevereiro, uma decisão da Justiça do Acre pode ter decretado o fim da Telexfree, a maior pirâmide financeira da história do Brasil.
No último dia 18, a juíza Thaís Borges, da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco, julgou favorável a medida proposta pelo Ministério Público do Estado do Acre (MP/AC) para suspender as atividades da Telexfree.
Com a decisão da juíza, foram suspensos os pagamentos e a adesão de novos contratos à empresa de marketing multinível Telexfree até o julgamento final da ação principal.
Além disso, o desembargador Samoel Evangelista (TJ/AC) decidiu, ontem (24/06), indeferir o pedido de revisão da sentença dos advogados da Telexfree e manteve a liminar que proíbe os pagamentos e novas adesões à empresa.
Fim da Telexfree
Apesar de ainda existir espaço para outros recursos, essa suspensão certamente decretará o fim da Telexfree, pois ninguém – em sã consciência – vai pensar em entrar numa empresa que está impedida pela Justiça de efetuar pagamentos e novos cadastros.
Quem tiver interesse em entender melhor essa situação, do ponto de vista legal, recomendo a leitura dessa matéria do Globo.com.
Ato de desespero: Falso contrato de seguro
Depois de ter sido impedida de efetuar pagamentos e novos cadastros, a Telexfree chegou a anunciar um suposto contrato de seguro com a Mapfre – prontamente negado pela própria seguradora.
Em vídeo divulgado na sexta-feira (21) na internet, o sócio da Telexfree Carlos Costa apresenta um papel com o logotipo da Mapfre e diz que o contrato “já foi aceito”.
Costa disse: “O seu negócio vai ser assegurado. Você que é 100% Telexfree também será 100% seguro“.
Além de ter negado a existência desse contrato, a Mapfre publicou uma nota oficial (pode ser lida aqui) explicando que recebeu uma proposta da Telexfree, mas não foi efetivada, e que tomará as medidas legais cabíveis pelo uso indevido de sua marca e por todos os danos eventualmente ocasionados.
E a BBOM, Winner Manager… Como ficam nessa história?
Certamente seguirão o mesmo caminho. Todas são claramente esquemas em pirâmide e estão fadadas ao mesmo destino: quebrar.
O mais triste é saber que muita gente vendeu casa, carro, ou ainda colocou todas as suas economias, apesar do alerta que foi dado ainda em fevereiro. Se tivessem ouvido todos os que avisavam, ainda daria tempo para recuperar o dinheiro investido.
Agora é tarde.
O funcionamento de uma pirâmide depende da entrada de novos partícipes, e dificilmente novas pessoas continuarão caindo nesse conto de fadas, sobretudo após o fim da Telexfree.
Pirâmide financeira é um crime contra a economia popular
O que mais me incomoda, em todos esses esquemas em pirâmide, é a presença de pessoas que têm consciência que esses esquemas são fraudulentos e ainda assim optam por entrar, na esperança de “entrar cedo”, para ganhar dinheiro às custas dos outros.
Na minha opinião, essas pessoas são tão corruptas quanto qualquer político que elas criticaram em passeatas ou pelo Facebook, nas últimas semanas.
A única diferença é que essas pessoas têm menos poder. Logo, a quantidade de dinheiro envolvida é menor.
E quem vai pagar a conta são pessoas simples, ignorantes e desinformadas, que pegaram empréstimos, anteciparam o décimo-terceiro, venderam seus bens ou liquidaram economias de uma vida inteira, na esperança de ganhar dinheiro rápido e fácil, acreditando nos “amigos” que ofereceram essas “minas de ouro”.
Só um aviso: obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos é um crime contra a economia popular, previsto no artigo 2º, inciso IX, da Lei nº 1.521, 26 de Dezembro de 1951.
Espero, de uma vez por todas, que todos entendam: não existe dinheiro rápido e fácil. E, se ele existir, certamente não é honesto.
Fonte: Rafael Seabra – Diretor do Quero Ficar Rico